GERALDINA PEREIRA FERNANDES (*23.Junho.1913; +23.Julho.2002)
Textos


Para a tradição pedagógica de pensamento, Didática é arte e ciência de ensinar; metodologia do ensino; disciplina científica da organização do ensino em suas dimensões interconexas de teoria, de prática sociopolítica, de técnica.
A palavra grega didaktiké significa arte de ensinar e foi consagrada por João Amus Comenius (1592-1670) em sua obra Didática Magna, publicada em 1657.
A Didática de Comenius opõe-se à Escolástica, vigente na Europa do século IX ao XV, centrada na arte de pensar ou no intelecto; por isso, a Pedagogia Comeniana propõe mudanças na escola e no ensino a serem implementadas pela Didática ou arte de ensinar tudo a todos.
Se Didática é teoria, metodologia e prática sociopolítica de ensino, ensino é concebido como a rede de ações diretoras, diretas ou indiretas, característica do trabalho docente cuja finalidade é promover a aprendizagem e efetivar a educação. Ou seja, Didática é tudo o que se refere ao saber e ao trabalho docente; se seguirmos a concepção política de Paulo Freire, é tudo o que se refere ao saber e ao trabalho dodiscente, segundo uma opção sociopolítica e prévia do que é Pedagogia e Educação.

Para a Enfermagem, o Ensino é um processo sociopolítico e gerencial de pesquisa, de trabalho, de cuidado e no qual as atividades, recursos e instrumentos didáticos são opções sociopolíticas para os objetivos predeterminados do ensino-aprendizagem-cuidado.
Para desenvolver o processo educativo inúmeros cenários de ensino têm sido previamente sugeridos e criados, não raro buscando a superação do espaço instituído da escola e da sala-de-aula e, conseqüentemente, mudando a concepção de aula. Entre tantos possíveis cenários, podem-se destacar:
-o ambiente imediato na Pedagogia de Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827).
-os centros de interesse de Ovide Decorly (1871-1932): família, universo, mundo vegetal, mundo animal, entre tantos outros possíveis.
-os grupos de encontro ou workshops, criados pela Pedagogia Centrada na Pessoa, de Carl Ransom Rogers (1902-1987).
-o local de trabalho, defendido por Célestin Freinet (1896-1966) para o qual o centro da educação é colocado no trabalho, na livre expressão e na pesquisa.
-grupos (de cuidado, d econvivência, terapêuticos, comunitários, focais, educativos) e nos quais realizarão oficinas de convergência, oficinas de cuidado (processos vivienciais de grupos de cuidado através da arte e direcionados aos inúmeros temas relativos ao processo de ser e de viver), oficinas de criatividade, sensibilidade e expressividade (OCSE), oficinas deídéias, de saber ou de produção de conhecimento.
-os Círculos de Cultura de Paulo Freire (1921-1997), formados em quaisquer ambientes.
-os presenciais ou virtuais Espaços de Vivências Etnopedagógicas, propostos por Valdemar Vello.
-em todo o ambiente da pólis ou das cidades para a civilização grega ou em todo o ambiente da aldeia para a civilização indígena, ambas com a concepção sociopolítica de educação para a vida de cidadania e de autocuidado, apesar de que a primeira era escravocrata e a segunda é comunitária ou comunalista; existe, entretanto, paridade pedagógica entre a civilização egéia ou cretense e a indígena - ambias dominantemente matriarcais.
O projeto Sociedade ou Cidade Educativa da Unesco ressucita o fundamento milenar de educação apra a vida das civilizações grega e indígena.
De acordo com os cenários escolhidos para consecução dos fins pedagógicos da Educação e do Ensino, inúmeras são as atividades didáticas consagradas ou a serem criadas no processo educacional.

Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 24/09/2007
Alterado em 08/10/2007


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr