GERALDINA PEREIRA FERNANDES (*23.Junho.1913; +23.Julho.2002)
Textos

Ao contrário da suposição leiga, em torno de 50% dos problemas relacionados à fertilidade são decorrentes da condição biofisioquímica dos espermatozóides, presentes no sêmen ou esperma: daí, a importância dos homens realizarem espermograma quando intencionam a reprodução.

O espermograma investiga a quantidade, forma e mobilidade dos espermatozóides contidos no sêmen, tanto quanto a qualidade em si do sêmen.

O esperma ou sêmen humano é o ambiente líquido proporcionador da nutrição e da movimentação dos espermatozóides; resulta, na maior quantidade, das secreções da próstata (cerca de 60 a 75%) e das vesículas seminais (de 25 a 30%). As glândulas bulbouretrais (de Cowper) cooperam com menos de 5% do volume de sêmen; o mínimo restante (de 2 a 5%) vem do próprio líquido em que estão os espermatozóides, desde os testículos, incluindo as glândulas de Littré (presentes num segmento da uretra e secretoras de líquido lubrificante para o coito).

 As glândulas prepuciais (papilares ou de Tyson) secretam muco lubrificador para facilitação do coito e não compoem o sêmen.

O aspecto viscoso, esbranquiçado-leitoso e alcalino (não ácido) do sêmen resulta basicamente das secreções das vesículas seminais e, também, da próstata cujas secreções são similiares às das vesículas seminais; o sabor e o cheiro característico do sêmen derivam da mistura de todas estas secreções.

As funções dos testículos são produzir células espermáticas e testosterona (pelas células de Leydig); também nos testículos estão as células de Sertoli responsáveis pela nutrição dos espermatócitos até que os mesmos tornem maduros nos epidídimos; o escroto (vulgarmente apelidado de saco) responsabiliza-se por segurar os testículos e manter a temperatura adequada dos espermatozoides.

O hipotálamo libera FATORES LIBERADORES DOS HORMÔNIOS GONADOTRÓFICOS, fazendo com que a hipófise libere FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante); o FSH estimula a espermatogênese pelas células dos túbulos seminíferos; o LH estimula a produção de testosterona pelas células intersticiais dos testículos, as características sexuais secundárias, a elevação do desejo sexual.

A quantidade de sêmen, o tamanho dos testículos e o tamanho do escroto não tem ligação alguma com masculinidade, virilidade, desempenho e prazer sexuais; são relevantes apenas quando o assunto é reprodução. 

O valor padrão para o volume de sêmen varia de 2 a 5 ml; o valor médio é de 3,2 ml; geralmente, um volume de sêmen abaixo de 1,5 ml poderá afetar a fertilidade. 

De igual modo, tamanho do pênis não tem relação com virilidade: são considerados normais os pênis que medem de 5 a 10 cm (quando flácidos) e de 10,5 a 17,5 cm (quando eretos). Micropênis e macropênis estão fora dos padrões comuns.

A composição química do sêmen é rica em:
-proteínas;
-aminoácidos;
-cloretos (sais originados do ácido clorídrico que, em solução, dissociam-se e liberam o íon cloro);
-glucose (um carboidrato, fonte de energia);
-fósforo inorgânico ou fósforo sérico (um reservatório bioquímico de energia);
-fósforo total (ácido solúvel);
-fósforo (espermina);
-colesterol;
-ácido láctico (matéria-prima para sínteses corporais);
-dióxido de carbono, responsável pela manutenção de temperatura adequada do sêmen;
-fosfatase ácida e fosfatase alcalina (grupo de enzimas responsáveis por autólise de tecidos);
-hialuronidade (nome geral das enzimas hialuronatolíase, hialuronoglucosaminidase e hialuronogluronidase cuja função é tornar menos viscoso o meio em que se encontram;
-frutose (substância androgênica produzida nas vesículas seminais);
-ácido cítrico (mantém o equilíbrio osmótico do sêmen);
-fosforilcolina, ergotina, ácido ascórbico, , fibrinolisina.

O pH do sêmen (uma media para indicar a composição ácida, alcalina ou neutra) é entre 8,1 e 8,4; a quantidade de espermatozóides contidos no sêmen varia entre 80 a 150 milhões por mililitro.

Algumas manifestações relevantes, influentes na fertilidade ou infertilidade do homem:
-a aparência menos opaca do sêmen indica concentração muito baixa de espermatozóides;
-se a cor do sêmen for de cor castanha indica presença de células vermelhas do sangue;
-se a aparência do sêmen for fluida, líquida (não viscosa) indica pobreza de espermatozóides;
-sêmen espesso, que não se liquefaz rapidamente é, muitas vezes, anormal;
- aumento da consistência pode estar relacionada a deficiências da próstata na produção de enzimas proteolíticas (espermolisinas prostáticas), que agem na liquefação;
-aumento da viscosidade diminui a motilidade dos espermatozóides.

Qualidade e quantidade de sêmen, corresponsáveis pela infertilidade ou redução (temporária ou permanente) da capacidade fértil tem multicausas, muitas vezes interligadas:
-estilo de vida sem qualidade.
-uso de álcool e drogas.
-toxinas ambientais, incluindo pesticidas.
-abstinência prolongada ou freqüência exagerada de relações sexuais.
-temperatura, incluindo mudança repentina de temperatura e de altitude.
-traumatismos, cirurgias, infecções.
-estresse.
-alimentação.


Os fatores acima podem relacionar-se com episódios situacionais, mais ou menos duradouros, da disfunção erétil.
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 27/07/2010
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