GERALDINA PEREIRA FERNANDES (*23.Junho.1913; +23.Julho.2002)
Dr. Carlos Fernandes
Membro da Associação Brasileira de Enfermagem Forense - ABEFORENSE
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Textos
No livro FUNDAMENTOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO, destaco a concepção de doença, segundo Florence Nightingale, para a qual:
 
..."toda doença, em algum estágio do seu desenvolvimento, é mais ou menos um processo de restauração não necessariamente acompanhado de sofrimento.

[;... toda doença] constitui um esforço da natureza para corrigir um processo de envenenamento ou de desgaste que teve início despercebidamente semanas, meses, algumas vezes até anos antes e que a cura sobreveio enquanto o processo anterior ainda perdurava [...]

[...] Os sintomas ou sofrimentos considerados inevitáveis e próprios da enfermidade são, muitas vezes, não sintomas da doença, mas algo bem diferente, isto é, a falta de um ou de todos os seguintes fatores: ar puro, claridade, aquecimento, silêncio, limpeza, ou de pontualidade e assistência na ministração da dieta. A carência de um ou de todos esses fatores pode ocorrer tanto no cuidado domiciliar quanto no cuidado hospitalar.


O processo restaurador que a natureza instituiu, ao qual chamamos doença, tem sido retardado por falta de conhecimentos ou de atenção a um ou a todos [aqueles] fatores; instalam-se então a dor e o sofrimento, ou ocorre a interrupção de todo o processo.


[...] Doenças não são unidades organizadas em classes como cães e gatos, mas sim condições provenientes umas das outras. Não será viver em erro contínuo a maneira de encararmos as doenças como o fazemos atualmente, na forma de entidades separadas que precisam existir, assim como os cães e os gatos? Ao invés de considera-las um estado, da mesma maneira como a circunstância de um objeto estar limpo ou sujo, e também sujeita ao nosso controle como acontece com a limpeza e a sujeira? Ou melhor, por que não considera-las uma reação benigna contra certas circunstâncias por nós criadas

[... Consequentemente,] as doenças, como demonstra a experiência, são adjetivos e não substantivos."

Eis porque Enfermagem é Ciência do Cuidado e Medicina é Ciência da Doença; particularmente, a Semiologia e Semiotécnica na Enfermagem não é conhecimento e técnicas (da Medicina) para avaliar sinais e sintomas de doenças; ao contrário, na Enfermagem existe, pela tradição nightingaleana, a Semiótica do Cuidado para investigação das (e intervenção nas) condições ecossanitárias dos ambientes, espaços e contextos humanos, sem as quais haverá produção de não cuidado; nesta produção de não cuidado, pode ocorrer a produção de agravos à saúde diante dos quais enfermidades são um epifenômeno (adjetivo) não substantivo.  

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDES, Carlos Roberto. Fundamentos do Processo Saúde-Doença-Cuidado. Rio de Janeiro: Águia Dourada, 2010; p. 46
NIGHTINGALE, Florence. Notas sobre Enfermagem: o que é e o que não é. São Paulo: Cortez, 1989; ps. 13-4, 40
NIGHTINGALE, Florence. Notes on nursing: what it is and what it is not. Philadelphia: Lippincott, 1992



Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 24/10/2010
Alterado em 24/10/2010
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