GERALDINA PEREIRA FERNANDES (*23.Junho.1913; +23.Julho.2002)
Dr. Carlos Fernandes
Membro da Associação Brasileira de Enfermagem Forense - ABEFORENSE
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 2011: octogésimo ano do falecimento e centésimo décimo quinto ano do nascimento de Cidália Batista Xavier.

Mulher pobre, bondosa, trabalhadora, abnegada, doméstica, católica apostólica romana, de olhos castanhos, nasceu provavelmente em Pedro Leopoldo aos cinco dias de fevereiro de 1896 e faleceu vitimada por pneumonia aos dezenove dias de abril de 1931 – eis as informações sobre Cidália Batista.

O nome Cidália é uma aférese de acidália cuja origem está na mitologia greco-romana e significa aquela que cuida; é o sobrenome da deusa romana Vênus, a mesma deusa grega Afrodite.

Quando João Cândido Xavier (1868 – 1960) era um homem viúvo de 47 anos de idade e com nove filhos, casou-se com Cidália Batista, uma jovem de 19 anos.

Cidália Batista tornou-se a mãe dos seis filhos, na época ainda solteiros, da venerável Maria João de Deus (Maria de São José de Deus, * 1885 - + 1915); casando-se com João Cândido Xavier, passou a chamar-se Cidália Batista Xavier.

Quanto aos traços de seu caráter é o mesmo Chico Xavier que declara, de acordo com os registros de Xavier, Espíritos diversos e Arantes (1982): anjo bom, sentimentos nobres e generosos.

A nobreza e a generosidade de Cidália Batista expressou-se na exigência feita a João Cândido Xavier: trazer para si todos os filhos de João Cândido com Maria João de Deus. E assim foi feito.

Em entrevista publicada pelo jornal FOLHA ESPÍRITA de São Paulo, em 13 de fevereiro de 2009, a única filha de Cidália Batista Xavier – Cidália Xavier de Carvalho, ainda sobrevivente em 2011 – relembra: "logo depois do casamento com papai, mamãe colocou um banco e enfileirou todas as canequinhas para servir o café e o bolo para cada um dos filhos que recebia com todo amor e carinho. Ela era muito calma, muito meiga."

Banco, canecas, café e bolo eram os instrumentos cerimoniais de reintegração da família Xavier, promovida por Cidália: vê-se a delicadeza e a profundidade do senso psicopedagógico daquele cerimonial da nova mãe.

Alma de sentimentos nobres e generosos, calma e meiga – eis as lembranças de Chico Xavier e de Cidália Xavier Carvalho sobre a personalidade de Cidália Batista Xavier.

Em seu primeiro contato com o menino Chico, registrado por Adelino da Silveira em seu livro Chico de Francisco, Cidália Batista revela a sua nobreza e generosidade: sendo o último filho a chegar, eis o dia em que senhoras amigas de dona Cidália estavam na sala de sua casa; o menino chegou vestido num camisolão comprido e, de imediato, a nova mãe percebeu o inchaço abdominal por debaixo da vestimenta; incontimenti, ensaiou levantar o camisolão e o menino naturalmente envergonhado pediu-lhe que não fizesse isso diante das outras senhoras. A segunda mãe de Chico segurou-lhe pela mão e, a passos lentos, levou o menino para lugar reservado: neste simples gesto, a criança percebia estar diante daquele anjo bom que Maria João de Deus (espírito) lhe disse que pediria a Jesus para enviar. Os passos de Cidália acompanhavam os passos de Chico: ela não o arrastava pelas mãos.

Ao levantar a camisola, Cidália ficou sobressaltada com os resultados da tortura imposta a uma criança; bondosa, prometeu-lhe: "Olhe meu filho, enquanto eu viver ninguém mais vai por a mão em você."

Ainda nos registros de Adelino da Silveira e à página 75 do livro Chico de Francisco está o fato dos diálogos expressivos entre Cidália Batista e Chico Xavier: todos os dias, retornando do trabalho, mãe e filho conversavam enquanto a mãe lavava roupas no quintal de sua casa e estendia-as nos varaus. Nesses momentos, o menino revelava as suas visões de espíritos amigos, com vestimentas coloridas de azul, rosa, verde, amarelo e acenavam para ele: daí nasceu a expressão de "irmãos do arco-íris".

A mãe Cidália não compreendia as visões do filho, mas acreditava na realidade de suas narrações: preocupada com a incompreensão dos outros, pediu ao filho para que narrasse as suas visões apenas para ela pois o pai e o esposo João Cândido Xavier iria chamar de louco o filho amado. 

Confidente e orientadora dos filhos – eis outras qualidades de Cidália Batista Xavier.

No livro 100 Anos de Chico Xavier, de autoria de Carlos Antônio Baccelli, está registrado outro diálogo de Cidália com os filhos do coração José Cândido Xavier, Raimundo Cândido Xavier e Francisco Cândido Xavier: era o diálogo de planejamento de estratégias da mãe para matriculá-los na escola primária. Para adquirir cadernos, uniformes, livros, lápis e roupas, a mãe partilha com os filhos sua idéia: porque o quintal de sua casa era grande, queria a ajuda dos filhos para plantar uma horta.

Os três irmãos concordaram com os planos da mãe: José abriria canteiros e molharia as hortaliças, Chico venderia as verduras, Raimundo reticencioso provavelmente ajudou os dois irmãos. Três ou quatro dias depois iniciaram a preparação do terreno e o plantio das mudas.

Após o diálogo, a mãe ficando a sós com o Chico, comunicou-lhe a necessidade do mesmo ser apresentado ao padre Sebastião Scarzello e preparar-se para a primeira comunhão: o menino iria completar sete anos de idade. Tais fatos deram-se, pois, nos três primeiros meses de 1917.

Durante o ano de 1918, o menino Chico saía às ruas esburacadas de Pedro Leopoldo com o cesto de verduras: ele revelava à mãe Cidália que sua mãe Maria João de Deus e os irmãos do arco-íris o acompanhavam nas ruas e o ajudavam a carregar o pesado cesto.

A orientação de mãe Cidália era a mesma para o filho Chico: contar seus diálogos e visões para ela e para o sacerdote, sem revelá-las para João Cândido Xavier.

Com a tutoria do padre Scarzello, a mãe Cidália esperava maiores esclarecimentos sobre os fatos mediúnicos narrados pelo filho: os esclarecimentos não aconteceram, apesar das penitências impostas pelo sacerdote, mas ampliaram-se as visões espirituais do rapaz.

*

Em apenas trinta e cinco anos de vida corpórea, Cidália foi a encarnação de um anjo bom sem deixar de ser mulher, esposa e mãe: uma expressão do que se pode chamar de alma do cuidado.

 

Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 19/06/2011
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