Eloi, Eloi, lamá sabachtháni - eis as palavras atribuídas a Jesus e registradas nos evangelhos de Mateus (27:46) e de Marcos (15:34).
"Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?" não é um brado de angústia suprema nem de desespero, pronunciado por Jesus nos momentos finais de sua crucificação: após tais palavras, Jesus teria dado um novo grito e expirado.
Nos seus momentos finais de vida no corpo, Jesus demonstrava o seu profundo conhecimento e respeito aos textos das Escrituras antigas. Ele não demonstrava fraqueza ou desânimo perante uma suposta ausência de Deus: em verdade, Jesus mais uma vez orava e utilizava-se para a prática da oração dos salmos antigos.
O que está no Novo Testamento, em Mateus e em Marcos, esclarece duas formas diferentes de registro: a tradição cristã cita um salmo pelo seu número enquanto a tradição judaica evoca o salmo todo citando a primeira frase ou as primeiras palavras do mesmo.
Ora, o que se encontra então nos registros Mateus e de Marcos é a evocação de todo salmo 22, registrando-se a sua primeira frase.
Jesus recitava ou evocava o salmo 22 no momento supremo de sua crucificação que começa exatamente com a pergunta "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?" e termina louvando e glorificando a presença do Reino de Deus às gerações futuras de todas as nações que anunciem e vivam os estatutos da Lei Divina.
Finalmente, porque o Salmo 22 é uma oração de absoluta entrega a Deus, Jesus o recitava ou o evocava entregando o Seu Espírito ao Pai, em cumprimento à própria vontade de Deus.
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 27/12/2011
Alterado em 19/02/2013