GERALDINA PEREIRA FERNANDES (*23.Junho.1913; +23.Julho.2002)
Dr. Carlos Fernandes
Membro da Associação Brasileira de Enfermagem Forense - ABEFORENSE
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Textos
Na língua iorubá, Exu significa esfera ou círculo – uma referência mítica à qualidade do que não tem começo nem fim; deus hermenêutico, masculino e (comparativamente) uma síntese das atribuições arquetípicas do deus grego Hermes ou do romano Mercúrio, expressa mediação, ponte, ligação entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses. Esse mundo dos deuses também pode ser compreendido como o mundo do inconsciente, mundo dos sonhos, mundo dos mortos, mundo dos antepassados.

Exu é orixá mensageiro dos deuses, um dos filhos de Orumilá e de Oxum; um orixá ponte entre deuses e homens (e mulheres), entre homens (e mulheres) e deuses. Daí, a sua qualidade de ouvir tudo e de transmitir tudo – um deus da comunicação, da linguagem, do diálogo. E, por ser intermediário entre humanos e deuses, nenhuma oferenda (= ebó) às divindades pode ser feita sem, antes, o oferente reverenciar Exu.

A intimidade com o mundo dos humanos fez com que as pessoas denominassem Exu de “compadre”: a expansão de sua ação emprestou-lhe diversos nomes como se existissem vários “exus”. Entre os nomes mais conhecidos, ligados a determinadas ações, têm-se os de Sete Encruzilhadas, Gira-Mundo, Pinga-Fogo, Pombagira, Tranca-Rua.

A tradição mítica esclarece que Exu viveu na casa de Oxalá por dezesseis anos, observando o modo como esse deus fazia pessoas humanas e, eventualmente, ajudando-o no processo.

Oxalá deu a Exu a atribuição de ficar numa encruzilhada próxima a sua casa para que este não permitisse passagem aos visitantes desatentos sem oferendas (= ebós) e, também, recebesse tais oferendas conduzindo-as àquele orixá. Com atribuição tão grave e trabalhosa, Exu construiu sua casa na própria encruzilhada próxima à casa de Oxalá: eis a razão do qualificativo de orixá das encruzilhadas, dos caminhos, deus da ordem.

Pela eficiência de sua ação, Oxalá homenageou a Exu com a exigência de que todos os seus visitantes deveriam fazer uma oferenda ao segundo, antes mesmo de fazê-la ao primeiro.

Numa variação mítica, tem-se que Exu sentiu vontade de comer um animal doméstico; sua mãe ofereceu-lhe a comida desejada, mas a fome do orixá não cedeu.

Exu, esfomeado, comeu as árvores, os pastos, os animais, o mar; então, seu pai ordenou ao outro filho, Ogum, que matasse o irmão. Consumado o fraticídio e após uma temporária paz, os rebanhos foram pesteados, as colheitas deixaram de ser produtivas e as pessoas tornaram-se doentes.

Um sacerdote consultou o opelé ifá e descobriu a causa de tantos males: Exu estava enciumado e exigia atenção; a partir dessa consulta, ficou determinado que ninguém poderia fazer qualquer oferenda sem, antes, oferecê-la a Exu.

Os rebanhos voltaram a ser saudáveis, as colheitas tornaram a produzir, as pessoas ficaram saudáveis; daí, Exu ser qualificado também de “deus da fertilidade”, “deus da fartura”, “deus dos rebanhos”.
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Exu é deus masculino, porém, de masculinidade integrada, individuada; daí o seu elemento ser o fogo e suas qualidades físicas se fazem representar por:
-um otá, objeto poroso e denominado de yangi - uma pequena pedra;
-um molde de barro com forma humana;
-um enorme falo (= pênis ereto) – uma alusão mítica a sua própria potência e força masculinas. As pessoas o associaram por isso ao coito e o cognominam “deus do sexo” ou da cópula.

O tridente é o instrumento associado ou dedicado ao orixá Exu: seu tridente se compõe de sete ferros voltados para o alto e que simbolizam os setes caminhos humanos, os sete chacras principais, as sete cores, as sete auras ou os sete corpos. Suas cores são o vermelho (personificação de sua masculinidade e de sua coragem) e o preto (símbolo de conhecimento e de poder); para saudá-lo se diz “Laroiê”, ou seja, “Salve Exu”.

As incompreensões, os preconceitos e as calúnias sobre as qualidades arquetípicas de Exu são resultantes de sua associação com o demônio cristão, feita pelos jesuítas e outros missionários, desde o século XVI.
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A integração do animi na personalidade masculina de Exu é vista na representação de uma divindade andrógina.

Deuses gregos relacionados com o deus africano Exu são Dioniso, Hermes (Mercúrio), Príapo e Falo.
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 31/01/2013
Alterado em 19/02/2013
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