Na unidade do Pater - Filius – Spiritus (1),
Salvator mundi (2), teu símbolo é Cuidado.
Cântico dos cânticos, divinus et profanus!
Stella marina (3), Gloria mundi (4) criado.
Ocultatio et domicilium omnis theasauri (5),
Cuidado é o noivo muitas vezes não amado
Pelo inferno do mundo privatum lumine (6):
Mundo no ignem infernalem consummatum (7).
Auri minera (8), Operis nostri vera Clavis,
sine quo ignis lampadis nulla arte
potest accendi (9) é opsianus (10), é his piscis (11):
Cuidado - aurum nostrum, philosophorum lapis (12)
da ciência, arte, filosofia da Enfermagem (13)...
Est veri amoris vis inextinguibilis (14).
(Do livro "Divinus et mundanus", autor Carlos Roberto Fernandes, 2016, Editora Recanto das Letras, p. 14)
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LEGENDA
(1) Pater, Filius, Spiritus: No contexto, permite-se a alusão ao símbolo da Trindade Pai, Filho e Espírito. O Pai é o princípio universal, eterno; o Filho, referência a Jesus (o filho de Maria), é símbolo do principium individuationis (princípio da individuação) no homem encarnado; o espírito é a expressão geradora do processio a patre filioque (ato de proceder do Pai e do Filho). O poeta faz analogia, ou mais, identidade substancial entre Pai-Filho-Espírito, Pai-Filho-Vida, Arte-Filosofia-Ciência.
(2) salvador do mundo
(3) estrela-do-mar cujo fogo não se apaga na água
(4) glória do mundo
(5) ocultação e paradeiro de todo tesouro
(6) privado de luz
(7) Fogo do inferno consumado. No contexto, o fogo do inferno consumado alude à materialidade das ações destrutivas humanas
(8) matéria prima do ouro. No contexto, este ouro é a vida cuja matéria prima é o cuidado.
(9) A verdadeira chave de nossa obra, sem a qual nenhuma arte é capaz de acender o fogo da lâmpada. No contexto, se faz alusão à lâmpada ou lampião (o símbolo da Enfermagem); a nossa obra refere-se ao trabalho dos profissionais de Enfermagem, ou seja, ao cuidado de Enfermagem; a arte em questão é a arte da Enfermagem, sinônima de cuidado de Enfermagem.
(10) ou sertotinus, o que chega tardiamente, cresce tardiamente e acontece tardiamente. Refere-se à Pedra, ao lapis philosophorum. No contexto, quer dizer que a consciência humana de que não existe vida sem cuidado é tardus, lenta, hesitante.
(11) Este peixe. Simboliza a unidade Spiritu, Caritas, Gratia, linguagem ou o logos humano.
(12) lapis philosophorum: a pedra filosofal, o produto do processo transformador, a Opus, matéria prima inicial e produto do processo. Por razões formais, no texto grafa-se philosophorum lapis.
(13) O segundo verso do primeiro terceto termina com a palavra arte e o segundo verso do segundo terceto termina com a palavra Enfermagem. Apesar de não haver rima entre as duas palavras, esta rima é forçada porque a intenção é sinonimizar arte e Enfermagem, imprimindo a concepção de Florence Nightingale de que Enfermagem é uma das Belas Artes e, mais, a mais bela das Belas Artes.
(14) é a força inextinguível do verdadeiro amor. No contexto, este verdadeiro amor deve ser compreendido, por exemplo, como a força criativa inextinguível da natureza que, apesar da destrutividade humana, cria mais vida.
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 25/10/2015
Alterado em 25/03/2016