Textos
Ao longo da vida, não bastasse a ardência
Dos desejos, dores, folguedos e delírios
Transformando em poeira uma suposta essência
Cujos horizontes foram duros martírios...
Não satisfeita crudelíssima inclemência,
Vãs esperanças, tolíssimos desvarios
Aonde crença é embuste, amor é demência...
Ternura? Honra? Vigor? Tênues calafrios.
Não bastasse os fúteis esgares musculares
De beijos e de contorções e de soluços
Entre vírus e bactérias familiares...
Este Ser tão filosoficamente inglório
Queda-se, silencioso, rijo, de bruços
Nas potentes labaredas do crematório.
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 12/12/2015
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