Parafraseando o livro Eclesiastes, em seu capítulo três, versículos dois a oito, nele identificamos muito das ações das enfermeiras e dos enfermeiros – fiéis à tradição nightingaleana da ciência, da arte e da filosofia do cuidado de Enfermagem.
Há tempo de nascer e há tempo de morrer. E da concepção, ao nascimento e à morte profissionais do cuidado promovem a vida, garantindo o seu desenvolvimento e crescimento. E, ainda no momento da morte iminente e inevitável, presentes estão as mãos de cuidado a transformarem toda a ciência e toda a tecnologia em expressões de socorro, de ajuda, de conforto, de ensino e de pesquisa – humanizando as máquinas.
Há tempo de plantar e há tempo de colher a planta. E, entre plantio e colheita, presentes estão as mãos de cuidado nutrindo vidas tenras ou desenvolvidas em quaisquer cenários onde as necessidades, os desejos e os interesses humanos necessitam de assistência de cuidado, de ensino de cuidado e de pesquisa de cuidado.
Há tempo de matar e há tempo de sarar. E, entre mortes e curas, as mãos de cuidado vigiam e agem para afastar o evitável e instituir o plausível para que as transformações naturais e sociais minimizem ou findem sofrimentos, danos, riscos a uma qualidade de vida compatível com a produção de cuidado e se afastem da produção de não cuidado.
Há tempo de destruir e há tempo de construir. E, entre os movimentos naturais de destruição e de construção, as mãos de cuidado erguem fundamentos e dinamizam ações de ensino, de pesquisa e de assistência para que o mundo do cuidado seja mais que um discurso e mais que um protocolo.
Há tempo de chorar e de rir, de gemer e de dançar. E, entre lágrimas e risos, gemidos e movimentos do corpo, as mãos de cuidado buscam sintonizar-se com o ritmo da vida – sempre eterna porque na natureza nada morre, tudo se transforma para novas formas de vida.
Há tempo de atirar pedras e há tempo de ajuntá-las. E, entre o atirar e o ajuntar pedras, as mãos de cuidado buscam construir com as mesmas pedras novas formas de cuidado nos contextos, nos espaços e nos ambientes onde a necessidade de cuidado clama por presença e atenção.
Há tempo de calar e há tempo de falar. E as mãos de cuidado sabem interpretar e atuar nos silêncios e nas falas humanas para produzir mais cuidado, muitas vezes em contextos precários e diante das muitas iniquidades do não cuidado nos planos do ensino, da pesquisa e da assistência propriamente dita.
Estas mãos de cuidado, profissionais e não leigas, são as mãos de enfermeiras, de enfermeiros, de técnicos de Enfermagem e de agentes de saúde... Nos hospitais, nos domicílios, nas unidades básicas de saúde, nos ambulatórios, nas ruas, nas prisões, nas escolas e em tantas outras e múltiplas instituições humanas, são a estes profissionais do cuidado que homenageamos em nome da Enfermagem – uma das Belas Artes e a mais bela de todas as Belas Artes, conforme afirma Florence Nightingale.
Florence Nightingale – A Dama do Cuidado – a qual todos devemos a profissão em que servimos e cuja memória está empenhada nas mãos de cuidado de seus profissionais.
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 13/05/2016