GERALDINA PEREIRA FERNANDES (*23.Junho.1913; +23.Julho.2002)
Dr. Carlos Fernandes
Membro da Associação Brasileira de Enfermagem Forense - ABEFORENSE
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Textos

Planejamento no Brasil era uma atividade burocrática de elaborar planos de ação condenados ao engavetamento; hoje é reconhecido como práxis educativa e de gestão com as atividades de elaboração do plano de trabalho, execução, monitoramento e avaliação.
Na Enfermagem o planejamento do Cuidado de Enfermagem (GESTÃO DO CUIDADO, DA EDUCAÇÃO, DA ASSISTÊNCIA, DO TRABALHO) significam metodologia, sistematização e processo de enfermagem; atualmente, o processo de enfermagem tem sido usado tanto para sistematizar a atenção de enfermagem hospitalar quanto a atenção de enfermagem de saúde pública, sobretudo após o advento dos Sistemas de Classificação dos Diagnósticos, das Intervenções e dos Resultados de Enfermagem e, também, a Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem de Saúde Coletiva.

A ampliação do entendimento da Enfermagem sobre o quê os seus profissionais fazem desenvolveu a concepção de que o Planejamento de Enfermagem deve assumir o que é conhecido como Gestão do Cuidado, englobando gestão do ensino, do cuidado, da profissão, da pesquisa e do conhecimento de enfermagem. Nessa linha de pensamento, o que antes se circunscrevia ao planejamento da educação em saúde, centrada na concepção médica de prevenção e controle de doenças e limitada às orientações e palestras dirigidas a um grupo de pessoas pre-estabelecido, hoje se direciona para o conceito e a prática de Educação para o cuidado e para o autocuidado.

Educação para o autocuidado vem da tradição de Dorothea Orem e sua teoria do autocuidado, apresentada no início dos anos de 1970.

O objetivo da Teoria do Autocuidado (AC) é permitir a provisão à pessoa de Poder de AC, ou seja, capacidade para cuidar de si determinada por um processo de autocuidado.
Na prática do AC, cinco atribuições ou cinco papéis deverão ser desenvolvidos pelo profissional do cuidado e a pessoa autocuidada:

-manutenção do autocuidado;

-prevenção do não cuidado;

-autodiagnóstico;

-automedicação e autotratamento;

-participação nos serviços de atenção à saúde e de atenção aos agravos à saúde.

O desenvolvimento das cinco atribuições de autocuidado exige integração da equipe de saúde, equipe de autocuidado e pessoa autocuidada ao que a equipe da Pontifícia Universidade Católica do Chile denomina de Educação para o Autocuidado em Saúde pela qual se propõe transformação da gestão, da assistência, da investigação e da docência tradicional.[1]
Vera Regina Waldow publica estudos e pesquisas sobre cuidar, cuidado, processo de cuidado e cuidado humano, sendo pioneira no Brasil do insistente esclarecimento das diferenças entre cuidar e assistir, cuidado de enfermagem e assistência de enfermagem, processo de cuidado e processo de enfermagem.
A persistência e defesa do conceito e da práxis da Educação de Enfermagem Centrada no Cuidado distingue Waldow no cenário nacional.
Educação para o Cuidado é princípio teórico de Jean Watson e Olívia Bevis, seguido e divulgado por Waldow; sua ênfase no conceito humananístico de cuidado  acentua a meta de Watson de construção de uma ciência humana do cuidado.
Pode-se afirmar que 1993 é o ano de divulgação da Teoria de Educação para o Cuidado. Para a Enfermagem Brasileira ainda centrada no ensino médico  e na assistência hospitalar, a Teoria de Educação para  Cuidado é uma revolução e uma ruptura epistemológica com o conceito e a prática médica de educação em saúde.[2]
Concepções diferenciadas do discurso da Enfermagem brasileira podem ser elencadas no artigo supra-citado:

-         A Educação de Enfermagem tem por tarefa formar profissionais comprometidos com a necessidade social de promoção de qualidade de vida humana;

-         Educação para o Cuidado é instrumento para diferentes modos de interpretação do mundo;

-         Expressão de inteligências, liberação da imaginação de aprendizes, promoção de independência de aprendizagem, desenvolvimento de comportamento de cuidado, formação de atitude crítica, educação e prática de Enfermagem transformadora e emancipatória, formação de uma ética de cuidado, reconceitualização da ética de Enfermagem por ética do cuidado: estas são algumas metas da Educação para o Cuidado.

-         Na Educação para o Cuidado há a reflexão sobre como, onde e por quem se dá o processo de saber operacionalizado na prática;

-         Educação de Enfermagem centrada no Cuidado significa currículo de enfermagem centrado no cuidado.

-         Educação para o Cuidado é uma educação holística.
O conceito de Educação para o cuidado e autocuidado expressa a orientação das Diretrizes Curriculares para o Curso de Enfermagem, em seu Artigo 5o., item II: a formação do(a) enfermeiro(a) objetiva dotar o(a) profissional de conhecimentos que o(a) possibilite exercer competências e habilidades específicas de Enfermagem, entre as quais está a incorporação da ciência e da arte de cuidado como instrumento de interpretação profissional.[3]



[1] RIVERA, Maria Soledad. Educacion para el autocuidado en salud sexual de adultos: uma experiencia em construcción y reconstrucción. Texto Contexto Enferm, Florianópolis 1998 mai-ago; 7(2):397-421.

[2] WALDOW, Vera Regina.  Educação para o cuidado.  Rev Gaúcha Enferm 1993 Jul; 14(2):108-112

[3] ALMEIDA, Marcio, organizador. Diretrizes curriculares nacionais para os cursos universitários da área da saúde. 2. ed. Londrina: Rede Unida. 2005.

Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 08/09/2007
Alterado em 08/09/2007
Comentários