Tendo-se, biologicamente, aparelho fonador funcionante, a palavra, o verbo, a oralidade é um fundamento de conhecimento, de expressividade, de análise e de crítica. No mundo ocidental, essa era a base da filologia.
Culturalmente, a invenção dos desenhos (arte rupestre), dos papiros e dos pergaminhos, a palavra escrita de algum modo, oferecia os fundamentos do conhecimento, da expressividade, da análise e da crítica para quantos sabem escrever, ler, interpretar.
Falar e aprender ouvindo. Escrever e aprender lendo!
Um fundamento anterior e vigente existe, além da palavra falada ou escrita de algum modo: o corpo.
A escrita no corpo, pelo corpo e com o corpo expressa uma filologia córpica, muito evidente na filosofia dos estoicos como na filosofia dos índios - de qualquer etnia.
Cultivo da palavra, pelo gosto de falar ou de ouvir. Cultivo da escrita, pelo gosto de escrever e de ler. Cultivo do corpo pela necessidade de existir e vivenciar e pela contingência de existir e não vivenciar.
A fala, o discurso e a escrita do corpo e no corpo não são loquazes nem concisos: são exatos, verdadeiros.
Para a Corpoanálise, o corpo é um texto, escrito vivencialmente e de modo independente da vontade, da intencionalidade consciente e da competência do seu autor.
Por necessidade e não por contingência, deve-se pensar não apenas no corpo humano, mas no corpo faunístico e florístico cuja biodiversidade, na Terra, é consequência de, pelo menos, 4,5 bilhões de anos de formação, de diferenciação e de aperfeiçoamento.